Zé Merino; Homenagem tardia
Conheci o Zé em Janeiro de 1972, quando ele e o Carvalheira acompanharam o nosso pelotão de Nova Lisboa para Nova Chaves, enquanto terminava o "curso" de minas e armadilhas em Luanda.
Confesso que na altura o achei distante, formal e até um pouco frio. Nos 12 ou 13 meses seguintes forjamos uma sólida amizade que se manteve inalterada durante 37 anos.
Durante o serviço militar no Leste formamos um grupo de combate unido, e sou sincero quando digo que ele era o maior dos elementos aglutinadores, dada a relação que estabeleceu com os soldados e especialmente com os cabos do pelotão. O Mutenga e o Paulo Farias simplesmente o idolatravam e em operações os três, sem menosprezo de ninguém, organizavam impecávelmente todos os aspectos de segurança. O Lewu, chefe do GE 318, era tão amigo dele que lhe emprestava, o amuleto anti-balas, nas raras operações em que não nos acompanhava.
Posso dizer, sem receio de errar, que a alegria quase permanente que era a marca registada dele, atenuou a todos nós a dureza daqueles tempos muito dificeis.
Sempre o incluí no meu restrito grupo de amigos indefectíveis. Com o desaparecimento físico dele perdi um dos meus grandes amigos, mas a profunda amizade que sempre nos uniu, não desaparecerá.
Até sempre Zé Merino.
António Baptista