Festa do 3º aniversário.Cine-Rossio, 23/04/1967
Os Tubarões no palco do Cine-Rossio a 23/4/1967 (e-d): Carlos Loureiro, Victor Barros, José Merino, Luis Dutra e Eduardo Pinto.
1967 foi um dos melhores anos da carreira musical dos Tubarões quer na vertente musical, projecção nacional e número de concertos/actuações. E dele haveremos de contar alguns dos episódios mais significativos.
Após a Passagem do Ano no Grande Hotel da Figueira da Foz seguiu-se o Baile de Finalistas do Liceu de Viseu em que partilhámos o palco com o Quinteto Académico a 7 de Janeiro no Cine Rossio.
O CINE-ROSSIO era a única casa de espectáculos em funcionamento em Viseu: cinema, alguns espectáculos e bailes no salão de festas localizado no piso -1, salão que foi também a nossa sala de ensaios durante os anos de 1965 e 1966 a troco de uma permuta com a realização de alguns espectáculos.
Durante a matinée dos finalistas, a 8 de Janeiro, o Sr. Severo, Gerente do Cine-Rossio, abordou o Sr. António Xavier de Sá Loureiro, nosso Produtor, manifestando o desejo para a concretização de mais um espectáculo respondendo às inúmeras solicitações que lhe chegavam do público da cidade.
Ponderadas várias alternativas e tendo em conta a nossa agenda musical programámos um espectáculo de variedades comemorando o nosso de 3º aniversário no mês de Abril. Decidimos convidar para cabeça do cartaz a grande atracção nacional do momento TONICHA que tínhamos conhecido no Casino da Figueira da Foz e estava no auge da sua carreira.
Para a primeira parte do espectáculo só convidámos Artistas de Viseu:
A apresentação e condução do espectáculo ficou a cargo do Jorge Martins (família Antas de Barros), profissional da Rádio, locutor do Clube Asas do Atlântico (Santa Maria Açores) que se encontrava em Viseu e convivia muito connosco no Snack-Bar Alvorada. Convidámos também o Rui Correia, (o irmão mais novo da Família Correia proprietária da Tinturaria Belcor), nosso benjamim que arrebatava o público a declamar o "Cântico Negro" e não só como aconteceu num Sarau do Liceu, o Conjunto “Os Corsários” e Viçoso Caetano (o poeta de Fornos de Algodres), recém chegado de Moçambique onde viveu um grande êxito da sua carreira musical com a versão portuguesa da Balada dos Boinas Verdes (Ballad of the Green Berets) hino das Forças Especiais Norte Americanas e que passou a ser o hino oficioso dos Paraquedistas portugueses, de que foi Autor.
Rui Correia a declamar com Luis Dutra na viola baixo.
Viçoso Caetano - Com a devida vénia a "No Bairro do Vinil"
Os Tubarões na 1ª parte da festa do 3º aniversário (e-d) Victor Barros, Luis Dutra e Eduardo Pinto
Na 2ª parte actuámos nós e a grande atracção TONICHA, que encerrou o espectáculo com muito sucesso e dois "encore".
Quando contactámos a Tonicha levantou-se a questão de quem a iria acompanhar musicalmente, pois era uma estrela e estava habituada a ser acompanhada por orquestras conhecidas. Como nos conhecia musicalmente de nos ouvir no Casino da Figueira da Foz enviou-nos pelo correio as partiruras das músicas que pretendia cantar e nós comprámos os discos com tais músicas para as tirarmos de ouvido, pois de pautas, só conhecíamos as do Liceu quando íamos saber as notas…
A 23 de Abril realizou-se um grande espectáculo no Cine-Rossio, completamente esgotado e que deu brado na cidade.
Foi assim a comemoração do nosso 3º Aniversário que culminou reunindo todos os Artistas num um fantástico jantar no Hotel Avenida.
“Desse famoso dia 23 de Abril recordo-me:
- Da ternura com todos vocês me rodearam.
- Da importância que o pai do Loureiro me deu. Ele achava que era um jovem promissor...
- De ter entrado, sem querer, e talvez num momento impróprio, no camarim da Tonicha...
- Daquele famoso jantar no Hotel Avenida.
- De as minhas colegas me gozarem pelo meu 3º aniversário. (Veja-se o Cartaz...)
Mas, sobretudo, de ser considerado um parceiro próximo dos Tubarões...”
Os Tubarões agradecem os aplausos do público que esgotou o Cine-Rossio a 23/4/1967 (e-d): Carlos Loureiro, Victor Barros, José Merino, Luis Dutra e Eduardo Pinto.