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Os Tubarões, Viseu, Portugal

Momentos da vida da banda portuguesa de rock "Os Tubarões" (1963 - 1968). Here you can find all about the 60's portuguese rock band "Os Tubaroes" (1963-1968).

30.10.11

O FIDALGO APRENDIZ (I) - porViseu'60s.


os tubaroes, Viseu

A 21 de Janeiro de 1967, integrando o Sarau dos Finalistas do Liceu de Viseu (66/67), foi apresentada a peça "O Fidalgo Aprendiz" de D. Francisco Manuel de Melo, encenada pelo Professor Osório Mateus. A importância da encenação, dos métodos usados pelo Encenador, o rigor posto nos ensaios, a cenografia usada e modo inovador da representação marcaram definitivamente um grupo de jovens política e culturalmente.

Em homenagem a todos os que nela participaram e a todos os finalistas reproduzimos o texto do António Júlio Valarinho inserido no livro porViseu'60s, retratos de Viseu e da vida musical do conjunto académico Os Tubarões e iremos publicar outros elementos de arquivo em próximos textos.

 

Na foto: Cima p/baixo, dir/esq.: Jorge Ramalho;

José Leitão, Francisco Carrilho, Patricio e A.Valarinho;

Edite, José Soeiro, Dra.Teresa, Fernanda, Mário V.Lopes, Prof.Osório Mateus e João Albernaz;

Dr. Melo, Luis Dutra, Rosa e Cristiano K.Gomes.

 

.o.fidalgo.aprendiz.

António Júlio Valarinho

AUTO DO FIDALGO APRENDIZ

“No Sarau dos alunos Finalistas do Liceu de Viseu

O Auto do Fidalgo Aprendiz de D. D.Francisco Manuel de Mello (sec. XVII) surge como segunda escolha do Prof.José Alberto Osório Mateus, depois do Reitor deste Liceu ter censurado a encenação da peça “O Sétimo Selo“ de Ingmar Bergman.

Integrada como principal “atracção” deste Sarau de alunos finalistas, o Prof. José Alberto Osório Mateus, professor de Português neste estabelecimento de ensino, pretendeu construir uma dramaturgia que espelhasse a virtude de saber viver a vida segundo os princípios da ética, cultura, e do aprender a pensar e a imaginar o imaginário ainda por imaginar.

É neste ambiente, que todo o trabalho se desenrola,sendo o motor de toda a dramaturgia, cenografia e encenação a participação activa de todos os intervenientes sem qualquer exclusão – actores, técnico de luzes, músicos, figurinista, cenógrafos, contra rega…

O Prof. José Alberto Osório Mateus era o agente catalisador de uma encenação construída segundo um programa de ensaios pré-estabelecidos logo de início, onde o seu horário era calculado ao minuto.Ninguém podia chegar atrasado.

A adesão de todos foi imediata, sempre rodeada de uma paixão por um projecto que progressivamente nos transformou em jovens que sabiam de antemão, que a partir daqui, nada ficaria como dantes e seria deste modo que de imediato nasceu o CETEV (Centro de Teatro dos Estudantes de Viseu) que com o CITAC de Coimbra e o CETA de Aveiro (Júlio Fino e Júlio Henriques) formavam um triângulo de cumplicidades políticas e culturais.

Do projecto de encenação e das suas dificuldades e cumplicidades os episódios multiplicaram-se como a título de exemplo, por ser talvez o mais divertido, eram as batidas de bateria a cargo do Eduardo Pinto, que colocado num ponto sem visão da cena, tinha de rigorosamente acompanhar o diálogo dos actores, acrescido dos seus movimentos subsequentes, para no momento exacto poder intervir.

O Auto do Fidalgo Aprendiz foi integralmente construído segundo os conceitos do teatro didáctico de Piscator e Brecht, aproximando a personagem principal (D. Gil ) no perfil do português espertalhão que vive sob o signo das aparências, fora da realidade, cheio de dívidas, perseguido e atraiçoado pelos seus credores e “amigos”.

As ambições de D. Gil correspondem às de um fidalgo provinciano, pelintra, (mas que necessita de que o julguem rico), pretendente a entrar na corte sem aceitar a “constante adaptação à realidade da vida“, que o condena no final, ao sofrimento e à desgraça.

“Só da desonra me pesa

Que dirão de mim na corte.

Meu amigo Dom Beltrão

E meu aio Afonso Mendes

Amigo nem amo tendes:

D.Gil tornou-se carvão!

 

Homens que vos enxeis

Na corte como na bigorna

Vede no que se torna

Qualquer fidalgo aprendiz.”

PERSONAGENS POR ORDEM DE ENTRADA EM CENA

D. Gil – António Júlio Valarinho

Afonso Mendes – Mário Videira Lopes

Beltrão – João Carlos Albernaz

Um Mestre de Esgrima – Jorge Figueiredo Ramalho

Um Mestre de Dança – José Manuel Borges Soeiro

Um Poeta – Adelino Patrício Moreira e Castro

Um Moço de Cavalos – Jorge Figueiredo Ramalho

Uma Comadre – Maria Edite Marques

Um Homem que passa – José Maximiano Leitão

Um Homem das Almas – Cristiano Kruss Gomes

Bateria –Eduardo  Pinto

Viola – Luis Dutra Santos Figueiredo”

 

 

 

 

 

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