Momentos da vida da banda portuguesa de rock "Os Tubarões" (1963 - 1968).
Here you can find all about the 60's portuguese rock band "Os Tubaroes" (1963-1968).
Era compreensível o nosso nervoso e a responsabilidade que sentimos quando começámos a alternar com um dos melhores conjuntos portugueses como era o de Shegundo Galarza. O quarteto era composto pelo Maestro, pelo Carlos Menezes, mestre em viola, pelo José Manuel (o Baby Rock) no Baixo e pelo Eduardo Esteves, um figueirense, na bateria. Eram uns Senhores e muito aprendemos a vê-los, a ouvi-los e a assistirmos aos seus ensaios.
O mais trabalhador era sem dúvida o Carlos Menezes que chegava sempre uma hora mais cedo para aquecer os dedos, fosse para o ensaio, actuação ou mesmo que não tivesse nada para fazer. Estava sempre a “estudar” viola, como dizia com a sua simpatia e simplicidade. E também aprendemos com estes profissionais que para se tocar bem é preciso ensaiar muito. E isso nunca seria esquecido e foi um bom exemplo que procurámos seguir, de forma menos regular do que eles, é certo. O Conjunto de Shegundo Galarza passou a ser uma referência musical para nós. Voltámos a cruzar-nos numas Festas de Tondela e ainda em outros lugares.
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Carlos Menezes, um pioneiro na introdução da guitarra elétrica em Portugal, morreu no domingo 2011/12/18 em Lisboa, aos 91 anos.
Singela homenagem a Sérgio Borges, vocalista do Conjunto Académico João Paulo, oriundos da Ilha da Madeira, com quem nos cruzámos em diversos palcos nos anos de 1966, 67 e 68 e que, infelizmente e cedo de mais, nos acaba de deixar.
Em 1966 o Conjunto Académico João Paulo fez uma tournée pelo País e passou por Viseu, onde deu um excelente espectáculo no Cine Rossio. Tiveram um problema com algum equipamento e nós demos todo o apoio logístico que necessitaram o que mereceu a cortesia de nos chamarem ao palco manifestando o seu agradecimento público para além de nos dedicarem uma música. Foi uma cortesia simpática.
Foram efectivamente dos melhores conjuntos nos 60’s e, quanto a nós, os primeiros a implementarem em Portugal o verdadeiro conceito de Concerto em Palco de Teatro.
Reproduzimos extractos do livro porViseu’60s numa singela homenagem ao Sérgio Borges, Vocalista e imagem do som do Conjunto.
“… .playlist.
Nos anos 50/60 os Bailes eram a diversão mais frequente e a principal oportunidade para jovens se conhecerem e iniciarem um convívio que de outro modo nunca seria possível. Havia Bailes em todas as festas e romarias, num terreiro, num largo ou no pátio da freguesia. Por este motivo os Bailes eram o mercado alvo dos Conjuntos onde poderiam actuar e ver o seu trabalho remunerado. Para actuar num Baile os conjuntos tinham de tocar todo o tipo de música pois havia dançarinos para todos os géneros musicais, do tango, rock, twist ao chá-chá-chá. Em Portugal os primeiros concertos em Palco de Conjuntos Pop terão ocorrido no Teatro Monumental em Lisboa. Quanto a nós o primeiro Conjunto Pop português a apresentar um alinhamento de espectáculo/concerto terá sido o Conjunto Académico João Paulo. Concretizou várias tournées pelo país onde se apresentou nos Teatros e Cinemas existentes em cada localidade com um alinhamento específico de espectáculo devidamente montado, com duas partes separadas por um intervalo. …”
Com muita estima e admiração aqui prestamos a nossa homenagem com as condolências aos Familiarres e Colegas.
A partir de 1961 Viseu tinha uma única casa de espectáculos activa: o cinema Cine-Rossio localizado nas traseiras da Câmara, que iniciou as suas actividades em 1952. O edifício dispunha de três pisos e, dizia-se, tinha sido construído para albergar uma garagem: o piso -1, ao nível do actual Mercado, era um Salão de eventos onde se realizavam os bailes de Finalistas; no piso 0 situava-se a sala de cinema em anfiteatro, com um palco com boca de cena a toda a largura da sala mas com uma pequena profundidade de +- 2,5m, o que era uma grande limitação para outros espectáculos, com uns camarins rudimentares. Tinha 2ª e 1ª Plateias, e ao fundo da sala um conjunto de 12 Frisas de 6 lugares extensíveis a 8. No Piso 1 tinha o Bar e a Cabine de Projecção. Havia cinema às 3ªs, normalmente cowboys ou filmes de pancadaria, 5ªs Sábados e Domingos.
Embora com grandes limitações de área de palco também se realizavam alguns espectáculos no Salão de Cinema do Cine Rossio. Por ali passaram a Escola de Acórdeãos de Mário Costa, o Carlos do Carmo, o Conjunto Académico João Paulo e a Tonicha, entre outros.
Acompanhando o sucesso crescente da música ligeira dos anos 60's surgiram muitos filmes musicais. E nos Cinemas começou a moda de, aos intervalos da projecção destes filmes, actuarem os novos conjuntos Pop o que também aconteceu no Cine Rossio nos anos de 1965 e 1966 onde nós, Os Tubarões, actuámos inúmeras vezes.
.espectáculo.no.cine.rossio.
Regressámos à nossa linda terra, às aulas, aos ensaios no Cine Rossio, aos bailes, aos espectáculos e aos amigos.
E Viseu recebeu-nos muito bem. Toda a cidade falava connosco. E a nossa vida agitou-se ainda mais.
Aumentaram as solicitações, os contactos, os contratos e o nosso cachet subiu.
Com o fotógrafo Germano, artista impar que retratou a cidade como ninguém e que nos deixou um arquivo de imagens de Viseu que são um património único, fizemos várias provas fotográficas com diversos fins. Uma das fotos, tirada no Hotel Grão Vasco, deu origem a um postal ilustrado, disponível em vários expositores e cafés da cidade, e que foi record de vendas na cidade durante vários anos.
O Sr. Severo queria fazer um espectáculo no Cine Rossio para nos apresentar em Viseu após a nossa participação na final do IÉ-IÉ. O mesmo ficou marcado para 28 de Maio, aproveitando a projecção da comédia musical Every Day’s a Holidaycom Freddie and The Dreamers, John Leyton, Mike Sarne, Ron Moody, Liz Fraser entre outros. Foi o nosso 1º Concerto em Viseu depois da final do IÉ-IÉ. O preço dos bilhetes era de 5$50 para a 2ªPlateia, 9$50 para a 1ª Plateia e 12$50 para as poltronas. As Frisas (6 lugares) eram a 57$50. Sessão completamente esgotada com todas as frisas com cadeiras extra. Foi um sucesso que terminou tarde com vários encore, muitos pedidos do Clube de Fãs, e uma dedicatória especial do “E que tudo o mais vá pró inferno” para umas fãs do Brasil que haviam chegado para umas férias em Vil de Soito. Foi um espectáculo muito divertido e animado."
No princípio do Século XX Viseu chegou a ter cinco casas de Espectáculos: Teatro da Rua Escura, Teatro Viriato, Teatro Paraíso, Avenida-Teatro e o Cine-Rossio. Em 1959 já só estavam activos o Avenida-Teatro, o Teatro Viriato e o Cine-Rossio.
(Fotos cedidas pela Foto Germano, Rua Formosa, Viseu)
Nos anos 60 o Teatro Viriato, inaugurado em 1883 com o nome de Theatro Boa União, já tinha encerrado as suas portas e dava lugar a um Armazém de Mercearias.
(Foto inédita do interior do Teatro Viriato enquanto Armazem de Mercearias)
Felizmente voltou a ser reconstruído respeitando a traça original, e reiniciando as suas actividades em 1998.