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Os Tubarões, Viseu, Portugal

Momentos da vida da banda portuguesa de rock "Os Tubarões" (1963 - 1968). Here you can find all about the 60's portuguese rock band "Os Tubaroes" (1963-1968).

21.06.10

A nossa Playlist (I)


os tubaroes, Viseu

O nosso reportório era composto por centenas de músicas. Ao tempo todos os Conjuntos tocavam "covers" de sucessos, imitando os conjuntos que os inspiravam, dos The Shadows aos Beatles e também alguma musica tradicional, normalmente instrumental, tal como tangos, valsas, chá-chá-chá, slows, ...etc.

A vida dos conjuntos era alimentada nas Festas, sempre com Bailes, onde tinhamos de tocar todo o tipo de músicas para agradar a todos os tipos de público. Lembramo-nos de um Casal de Idade que gostava muito de nos ouvir e, para expressarem o seu contentamento a quem de nós falavam, diziam " eles até tocam La Comparsita".

Expomos aqui a Playlist de alguns dos principais êxitos que tocámos na época:

 



 por Música 
#MúsicaIntérpreteAno

1A Girl for meTubarões1966
2ApacheThe Shadows1964
3As tears go byRolling Stones1967
4Au RevoirGilbert Becaud1965
5Baby it HurtsTubarões1967
6Baby it's youThe Beatles 
7Baby your are no GoodThe Beatles1967
8Bachelor BoyCliff Richard1964
9Be-Bop-A-LulaElvis1965
10BlueBerry HillLouis Amsrrong1966
11Camino de SaharaLos TAMARA1966
12Come BackTubarões1966
13Crying TimeOtis Reding1967
14Eight Days a WeekThe Beatles1966
15Et maintenantGilbert Becaud1965
16Evergreen treeCliff Richard1964
17Georgia on my mindRay Charles1967
18Give me some lovingSpencer Davis Group 
19Good bye my love good byeThe Searchers 
20GuantanameraJose Feliciano 
21GuantanameraTrini Lopez 
22Guitar TangoThe Shadows1964
23Here, There and EverywhereThe Beatles1966
24Hey JudeThe Beatles1968
25HolidayBEE GEES1968
26I call your nameThe Beatles1967
27I Can´t stop loving youRay Charles1965
28I Feel FineThe Beatles1966
29I Put a spell on youThe Animals1966
30I´ve Got My mojo working babyQuinteto Académico1966
31If I had a hammerTrini Lopez 
32In SummertimeMungo Jerry1967
33It´s now or neverElvis1965
34It's my lifeThe Animals1965
35La PlagaLos Tampa 1965
36Les CornichonsNino Ferrer1966
37L'important cést la roseGilbert Becaud1965
38Livind DollCliff Richard1964
39Lucky DayTubarões1967
40MassachussetsBEE GEES1967
41Michael (Aleluia)Trini Lopez 
42MichelleThe Beatles1967
43MirzaNino Ferrer1966
44My BonnieTony Sheridan1965
45My GirlTemptations1965
46Oh CarolNeil Sedaka1964
47Old LadyTubarões1966
48Only the LonelyRoy Orbinson 
49PerfídiaThe Shadows1964
50Poema do Homem RãTubarões1967
51Quand vien la fin de l´étéLes Chat Sauvages1964
52Quando quando quandoTrini Lopez 
53Reach out I'll be thereThe Four Tops1967
54Release meEngelbert Humperdinck 
55SatisfactionRolling Stones 
56Sha la la la la, Bay it's youThe Beatles1967
57SleepwalkThe Shadows1964
58Spanish HarlemCliff Richard1964
59Spanish HarlemCliff Richard1964
60SummertimeGershwin1967
61Susie QCreedance Clearwater Revival1968
62Sweets for my SweetHollies 
63The Dock of a BayOtis Reding1968
64The House of the rising sunThe Animals1964
65The LetterBox Tops 
66The More I see youChiis Montez1967
67The SavageThe Shadows1964
68The Young OnesCliff Richard1964
69Thicket to rideThe Beatles1965
70Things we said todayThe Beatles 
71Till there was youThe Beatles1967
72To Love SomebodyBEE GEES1967
73Tombe la neigeADAMO 
74Unchain my heartRay Charles1967
75Você vai ChorarTubarões1967
76We got a get out of this placeThe Animals1967
77What a Wonderfull WorldLouis Amstrong1966
78Whinchester CathedralNew Vaudeville Band1967
79WordsBEE GEES1967
80Ya YaTrini Lopez1965
81Yellow SubmarineThe Beatles1967
82YesterdayThe Beatles1967
13.06.10

O Café Rossio.


os tubaroes, Viseu

O Café Rossio, na Rua Formosa em 1966. Foto Germano.

 

O Café Rossio.

 

O Café Rossio era uma instituição na cidade de Viseu por onde passava toda a gente.

Lá tudo se sabia, da cidade do país ou da região. Do poder ou da oposição.

Para nós, estudantes, subir ao primeiro andar era crescer, ser quase adulto, poder iniciar o fumar, o bilhar, e assistir às apostas dos matulões, meio-heróis/vilões, que falavam alto, muito fanfarrões.

Recordamos boas memórias do Café Rossio que nos inspiraram nestas palavras:

 

 

 

Café Rossio:

 

O Lugar !

O Café, a conversa, o estar,

os do Contra, os do Poder,

os das tricas, e os do morder,

os do bem e do mal dizer,

e os do comer ...

e os do fino, e os da televisão.

 

Tudo era redondo naquele r/c,

as mesas até aos pés,

as travessas dos cafés,

as cadeiras e o corrimão,

até a esquina e o Balcão.

 

Por aquele chão de madeira

passava a cidade inteira.

O Doutor e a menina,

o "Formidável" e a Flausina,

o Liceu e a Escola,

a Política e a Bola.

 

Vazio, vazio,

só nas noites de verão.

Quando o calor apertava,

a cidade passeava

horas a fio,

num louco rodopio,

nesse grande salão

que era o Rossio.

Cada um na sua mão,

quase todos num sentido,

e poucos na contra-mão.

 

E o Bilhar !!!

Quem não se lembra da atmosfera daquele 1º andar ?

Pelas janelas abertas, de par em par,

saía fumo, um palavrão, e entrava o ar.

 

Muitos tacos, muito giz,

os candeeiros mesmo em cima do nariz

do entendido que ensinava o aprendiz,

só concentrado nas palavras do seu juiz.

 

Na mesa ao lado já com as bolas a rodar,

o fumo, os nervos, o silêncio, e o rezar,

para esta jogada vir a confirmar,

aquela aposta que estava mesmo a ganhar,

não fora a última tacada espirrar.

 

Ah,

que aventura era lá entrar !!!

O estado adulto antes de lá chegar !

Valeu a pena por lá passar !

 

 

por eduardo pinto

"Os Tubarões"

 

 

O nosso bem haja a "Foto Germano"

05.06.10

Os Bailes dos Bombeiros Voluntários.


os tubaroes, Viseu

Salão de Chá dos Bombeiros Voluntários

(Feira de S. Mateus, Setembro de 1960)

 

Nos terrenos da Feira de S. Mateus foi construído nos anos 30’s um bonito edifício de arquitectura modernista, cujas traseiras davam para a Central Eléctrica localizada na rua da Ponte de Pau. Tratava-se do Salão de Chá dos Bombeiros Voluntários de Viseu (BVV), seguramente o maior e o mais bonito edifício, o de maior destaque e prestígio no recinto da Feira de S. Mateus, com um piso único elevado ao estilo de uma “mezzanine”. Tratava-se de um amplo Salão com duas frentes rasgadas para o recinto da Feira de S. Mateus e que durante o período da feira, todo o mês de Setembro até às vésperas da data de início do ano escolar a 6 de Outubro(+-), era utilizado pelos Bombeiros Voluntários de Viseu para a prestação de serviços de restauração servindo o montante apurado como reforço de fundos tão necessários ao suporte das suas actividades totalmente voluntárias.

 

Os Bombeiros Voluntários de Viseu sempre tiveram muito valor, um enorme prestígio na cidade e eram um foco de entusiasmo e adesão de muita juventude que, voluntariamente e com grande orgulho, aderia a tão nobre e justa causa de ajuda à comunidade. Além das suas actividades voluntárias de socorro às populações os BVV tiveram no passado uma grande intervenção cultural nomeadamente através de um Grupo de Teatro Amador que levou à cena no Teatro Viriato várias peças algumas delas acarinhadas pela nossa conterrânea Mirita Casimiro.

 

Pois durante a Feira de S. Mateus, nos anos 60’s, o Salão de Chá dos Bombeiros Voluntários era o local mais “chique” e mais cobiçado da Feira. O espaço tinha atributos únicos como os disputadíssimos “toilletes” (uma fragilidade no “adn” da Feira que se mantém), as mesas viradas à rua que permitiam observar e comentar os passeantes e visitantes, assistir aos espectáculos, gincanas e outras iniciativas como se se estivesse num camarote de um teatro. Havia serviços de chá com torradas ou farturas, o branco a copo, ou o famosíssimo Caldo Verde com a broa fresca de Vildemoinhos. Além destes serviços directos este Pavilhão também era o mais seguro refúgio sempre que a chuva pregava as suas partidas, o que não era tão raro quanto isso.

Todo o serviço no Salão de chá era feito pelos bombeiros voluntários nos seus tempos livres, com o traje azul de bombeiro e os seus reluzentes botões de latão amarelo. O Salão, à esquerda de quem entrava, tinha um enorme e altíssimo balcão de serviço, com vista e controlo de todo o espaço. À direita deste, no canto frontal à entrada, o estrado para a Orquestra. À esquerda uma entrada que dava acesso aos famosos “toilletes” e ainda a uma Copa mais recatada e só para “Maiores” onde se podia beber um copo (branco, tinto, cerveja, Bussaco ou pirolito), acompanhado por um petisco (pasteis de bacalhau, panados, enguias, empadas ou rissóis, …).

 

Nos dias principais da Feira havia uma cerrada disputa pelas mesas viradas à rua e não era raro assistir-se à marcação presencial com horas de antecipação.

 

E aos Sábados?

Aos Sábados havia “Chá Dançante” no Salão de Chá dos Bombeiros Voluntários de Viseu (tempos houve que eram às 4ªs e sábados). Eram quatro bailes com grande procura, quase sempre esgotados que punham a cidade numa grande agitação. Os cabeleireiros entupiam, os sapateiros engraxavam, os perfumes esgotavam, e as mais jovens debutavam numa grande comoção. Ir ao Baile dos Bombeiros era uma grande emoção!!!

 Ao princípio os bailes eram animados pelas orquestras locais como a Orquestra do Cine Jazz, a orquestra do Mário Costa, Os Diamantes, entre outras. Na época de maior sucesso já eram as principais Orquestras Nacionais como a de Shegundo Galarza, Toni Hernandez, Costa Pinto, e até o Conjunto Italiano Manino Marini, que fez várias épocas em Portugal com os grandes sucessos românticos e únicos da música italiana.

 

E hoje, Viseu, o que é feito de tamanha animação?

 

 

Os chás dançantes dos Bombeiros Voluntários foram, para mim, uma das fontes de inspiração para o que é hoje o conceito de “Os Melhores Anos”.

 

Eduardo Pinto

www.myspace.com/tubaroes

 

 

(O nosso Bem Haja: F.Matos, B.V.V. e "Foto Germano").

 

 Com a devida vénia ao "Made in Viseu", onde este original foi publicado.